Luiz Marenco lembra obra de Jayme Caetano Braun na passagem dos 20 anos de sua morte

Em Grande Expediente, realizado na sessão da tarde desta quinta-feira (4) na Assembleia Legislativa, o deputado Luiz Marenco (PDT) prestou uma homenagem póstuma ao poeta, pajador compositor e radialista Jayme Catena Braun, que foi seu amigo, parceiro musical e padrinho artístico. A homenagem, que reuniu nas galerias do Plenário 20 de Setembro tradicionalistas e integrantes da cena musical gaúcha, aconteceu quatro dias antes do aniversário de 20 anos da morte do pajador. “Caetano Braun era o próprio Rio Grande quando se expressava em seus versos. Seus trabalhos são as vozes lá de fora, retumbando na cidade. Recheados de filosofia campeira e universal, de vivências galponeiras, de expressões universais para retratar uma cena do campo, de figuras de linguagem, vão do empírico ao erudito”, analisou Marenco.
O poeta missioneiro eternizou-se em letras de música e resgatou a pajada, tornando-se o mais importante improvisador do Rio Grande do Sul. Foi também radialista, mantendo seu programa Brasil Grande do Sul por 15 anos na Rádio Guaíba, presidente da Estância da Poesia Crioula, diretor da Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul e um dos criadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).
Músico consagrado, Marenco compôs melodias para letras de Jayme Caetano Braun. Em 1990, a dupla venceu o primeiro Chamamento do Pampa, festival de Passo Fundo, com “Charla de Domador”. Em seu primeiro disco, denominado Luiz Marenco Canta Jayme Caetano Braun, musicou doze letras do pajadorA obra foi indicada para o Prêmio Sharp, na categoria de Música Regional.
Trajetória revisitada
Na tribuna, Marenco revistou a obra do homenageado, ressaltando sua contribuição para o movimento musical nativista. Lembrou a participação, em 1973, no primeiro LP de Noel Guarani, Destino Missioneiro, com as letras de Querência e Lamento Missioneiro e no disco Isto é Integração, de José Mendes, com letra de Prece.
Em 1976, surgiu o disco Payador – Pampa – Guitarra, gravado na Argentina e lançado no Rio Grande do Sul, que se tornou um divisor de águas na música rio-grandense e a grande vitrine para o potencial artístico de Noel Guarany e Jayme Caetano Braun. “Acredito que talvez seja o mais importante disco da carreira de ambos. Neste trabalho, Braun registra três obras que passam a ser esteios de sua produção de letras de músicas, até hoje regravadas: Milonga de Três Banderas, Payador – Pampa – Guitarra e Meu Rancho”, analisou Marenco.
O deputado lembrou ainda da parceria de Caetano Braun com o também missioneiro Pedro Ortaça no disco Mensagem dos Sete Povos em 1977 e com Cenair Maicá na década seguinte, que consagrou o poema musicado Buchincho. “A parceria entre Jayme, Noel, Pedro e Cenair seguiu com muito sucesso, nos anos seguintes, chegando levar uma gravadora a lançar um disco chamado Troncos Missioneiros, no final da década de 80, com obras dos quatro”, rememorou.
Outros musicistas também fizeram melodias para as letras de Caetano Braun, como Talo Pereyra, que produziu a famosa Martin Fierro, e Lucio Yanel, que musicou letras de Jayme para concorrer nos festivais.
Na parte final de seu discurso, Marenco elencou os versos, as construções poéticas e as metáforas que considera mais marcantes da obra de Caetano Braun.
Os deputados Sebastião Melo (MDB), Gerson Burmann (PDT), Issur Koch (PP), Luciana Genro (PSOL), Edegar Pretto (PT), Luiz Henrique Viana (PSDB), Giuseppe Riesgo (NOVO) e Dr. Thiago Duarte (DEM) se manifestaram por meio de apartes. O ex-governador Olívio Dutra, que era amigo do homenageado, e a viúva de Jaime Caetano, Aurora Braun, prestigiaram o Grande Expediente, além de autoridades ligadas à área da cultura.
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