Delegada Tanea Bratz fala sobre casos de violência contra mulher

(Foto: arquivo/Rádio São Luiz)

“Difícil falar de violência em um dia que deveria ser de comemoração, mas a violência contra mulher é um fato.”

A afirmação da delegada Tanea Regina Bratz, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), a qual engloba o Posto Policial para Mulher, revela um cenário que precisa ser amplamente debatido. Em todo o país, inúmeros casos de violência contra mulher – muitas vezes culminando na morte da vítima – ocupam, quase diariamente, as manchetes dos meios de comunicação.

Em São Luiz Gonzaga e no Rolador, municípios atendidos pelo posto, Tanea conta que os casos mais frequentes são de violências psicológicas, que mexem com a autoestima, ofendem e humilham. Ela acrescenta que, do seu ponto de vista, os mais difíceis são aqueles no interior da  própria família.

A delegada explica que durante os “Papos de Responsa”, programa da Polícia Civil que leva o debate sobre vários temas para dentro das escolas, os agentes trabalham com a prevenção. “Na fase inicial, podemos sentar, conversar e refletir. Do meu ponto de vista tem sim como prevenir”, afirma.

Questionada sobre o perfil do agressor, Tanea comenta que cada caso tem sua particularidade. “A única coisa que pode haver com relação a perfil são as referências que o agressor teve na sua formação. Via de regra, ele presenciou essas agressões ou foi vítima de agressão intrafamiliar. A mulher, por sua vez, também viu sua mãe, vó ser vítima de violência por parte de seu companheiro”, esclarece.

Sobre o silêncio da vítimas, a delegada fala que os “efetivos casos de violência de gênero não são registrados”. “A grande maioria de casos de violências domésticas não chegam ao conhecimento da polícia. Não sei se seria medo, vergonha ou uma esperança de que um dia esse agressor se tornasse a pessoa com quem ela efetivamente quer viver”, comenta Tanea.

O que as vítimas precisam fazer

Para a delegada é preciso, sem dúvida, agir. “Procurar orientação e ajuda, seja na polícia ou na área da psicologia. Ela precisa de um devido acompanhamento”, afirma.

“O amor não machuca, não causa dor nem sofrimento. Se você está sentido isso numa relação é qualquer coisa, menos amor”, explica Tanea.

A delegada ainda fala que nos casos de ocorrência policial, existem instrumentos para dar encaminhamento após o registro de ocorrência. “Existem as medidas protetivas, mediação e, se for o caso, prisão”.

Sobre estar em uma profissão majoritariamente ocupa por homens, Tanea diz que “mais importante que os fatos, é o que nós fizemos com eles. Se me perguntares se fui vítima de preconceito nestes vinte anos em que estou na polícia, possivelmente sim, mas nunca me senti discriminada ou desvalorizada pela questão de ser mulher. Muito mais importante que qualquer fato é como lidamos com ele.  Se não me atinge, não vou absorver. Tenho que dizer para mulheres que, dentro de cada uma de nós, tem esse potencial, essa divindade para ir em busca dos seus sonhos”, finaliza.

Fonte: Rádio São Luiz