Boletim climático: precipitações levemente abaixo do normal na região das Missões

(Foto: Divulgação)

A estimativa é a ocorrência de precipitações de maneira irregular e mal distribuídas para os meses de março, abril e maio na região das Missões.

O boletim climático do trimestre agosto-setembro-outubro, elaborado pelos professores da UFFS – Campus Cerro Largo, Anderson Spohr Nedel e Sidinei Zwick Radons, apresenta ainda a presença do fenômeno La Niña e Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no oceano pacífico central (OPC) mais fria que o normal (região do Niño 3.4).

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As precipitações no mês de maio e junho ficaram acima da média nas Missões e as precipitações de julho, de maneira geral, abaixo do normal, na grande maioria dos municípios (Figura 1).

A frequência de ocorrência de grandes quantidades de precipitações (chuvas) tem sido observada em curtos períodos de tempo.  Somente na estação da UFFS da cidade de Caibaté foi observada precipitação acima do normal em julho.

As anomalias negativas de TSM (águas mais frias que o normal), nas últimas quatro semanas, tem se mantido mais frias que o normal com sinal negativo (-0,9ºC), ao longo do oceano pacífico central-leste, segundo a Nacional Oceanic Atmospheric Administration (NOAA).  Os modelos climáticos mantêm para os próximos meses (inverno) a influência da La Niña com influência fraca sobre a região, além disso, mostram que o fenômeno tende a se intensificar durante os meses de primavera (60% chance) e diminuir de intensidade no verão.

A estimativa para o trimestre Agosto-Setembro-Outubro é de se manter a ocorrência de grandes acumulados de chuva em curtos períodos de tempo e precipitações dentro da normalidade climática. Para agosto, as projeções dos modelos climáticos apontam para chuvas ligeiramente acima da normalidade climática (que é de 104mm). Para setembro e outubro, a previsão é de chuvas ligeiramente abaixo da normalidade climática (que é de 147mm e 264mm). Para a temperatura do ar, os modelos climáticos estimam, de maneira geral, para o trimestre agosto-setembro-outubro, um comportamento de temperaturas dentro do normal. Para agosto, as temperaturas devem ficar um pouco mais baixas que o esperado para o mês (11ºC). Para setembro, as temperaturas devem ficar um pouco mais altas que o normal (12ºC) e, para outubro, a previsão climática indica um comportamento de temperaturas dentro da normalidade esperada para o mês (14ºC) (INMET 1991-2020).

Com relação às temperaturas médias (Figura 2), notou-se que o mês de julho foi ligeiramente mais quente que a média, com temperaturas ao longo da tarde alcançando 32ºC na cidade de São Luiz Gonzaga e São Paulo das Missões. Porém, em vários municípios, ultrapassam a marca dos 30ºC. O valor mínimo de temperatura registrado foi 2ºC, no centro da cidade de Guarani das Missões.

A condição meteorológica no trimestre é muito importante para implantação da primeira safra da cultura do milho no Rio Grande do Sul. Ainda, é nesse trimestre que ocorre a fase de desenvolvimento mais decisiva para a produtividade do trigo, a fase reprodutiva. Por isso, é importante que não ocorram geadas tardias e que se tenha janelas de tempo seco, que possibilitem a semeadura e a colheita. Geadas são prejudiciais para estas duas culturas e podem causar perda total de produtividade. Chuvas muito intensas e frequentes, por sua vez, diminuem a possibilidade de operação de máquinas agrícolas e podem ocasionar doenças e acamamento na cultura do trigo. Recomenda-se atenção ao período de zoneamento agroclimático e às previsões do tempo, visando saber se ainda teremos geadas em setembro. Há ainda a questão microclimática, que é muito importante. Existem porções do relevo onde a formação de geada é facilitada, pela drenagem do ar frio. Assim, o agricultor deve avaliar, em conjunto com o profissional responsável por sua assistência técnica, o melhor momento para a semeadura do milho e realização das demais atividades de sua propriedade.

Recomenda-se que os agricultores mantenham diálogo constante com os profissionais que acompanham o planejamento e a execução de sua produção, visando estabelecer as melhores estratégias para minimizar impactos de possíveis condições meteorológicas adversas.

**O boletim climático e interpretação agronômica faz parte do Projeto de Extensão “Difusão da previsão meteorológica e climática a comunidade regional” coordenado pelo professor Anderson Spohr Nedel, com a colaboração do professor Sidinei Zwick Radons.