Capital da Música Missioneira, São Luiz Gonzaga também é berço de diferentes escritores e poetisas
Neste Dia Mundial do Livro, conheça um pouco da história de três escritores locais


Livros podem ser uma ótima companhia – Foto: jcomp/Freepik
O dia 23 de abril é considerado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como o Dia Mundial do Livro. A data foi escolhida com o objetivo de incentivar e valorizar a leitura e os livros.
O dia 23 de abril foi escolhido como uma homenagem a três grandes nomes da literatura mundial: o inglês William Shakespeare, o espanhol Miguel de Cervantes e o peruano Inca Garcilaso de La Vega. A celebração começou na Catalunha, Espanha, no ano de 1926 e, em 1995, a Unesco adotou a data, que também serve para prestigiar escritores/as e para a conscientização sobre os direitos autorais.
No Brasil, além da comemoração em abril, o dia 29 de outubro é considerado o Dia Nacional do Livro, em homenagem à origem da primeira biblioteca no país, a Biblioteca Nacional do Brasil, fundada em 1810, no Rio de Janeiro.
A história dos livros começa com os primeiros experimentos com a palavra escrita, inicialmente com papiros e pergaminhos, até a invenção do papel e, mais recentemente, com a revolução digital e informacional, com livros digitais e e-books.
O livro é uma forma de guardar e transmitir conhecimentos, histórias e culturas ao longo do tempo. Uma ferramenta essencial para o desenvolvimento da humanidade e para o crescimento da sociedade, os livros têm o poder de transformar vidas. Confira nesta reportagem o depoimento de três autores de São Luiz Gonzaga sobre o papel da literatura nas suas histórias e cotidiano.
Os livros na vida de escritores/as de São Luiz Gonzaga
A professora, escritora e poetisa, Neiva de Melo, afirma que a escrita é uma forma de expressar sentimentos e memórias. “Para mim, a poesia representa o encontro do “eu” mulher com o “eu” escritora, num elo de completude e liberdade, entre ação e pensamento”, explica.
Neiva trabalhou durante 25 anos na área da educação e desde 2015 se aventura com as publicações. Segundo ela, o interesse pelos livros surgiu ainda jovem. “Através de acrósticos, poemas e contos, fazia relatos sobre os namoros e sentimentos das colegas de escola”, relembra a autora.
Sua principal obra é “Clima de festa à flor da pele”, lançado em 2020, o livro narra a sua trajetória de vida e resgata memórias da adolescência sob um ponto de vista da maturidade. Neiva comenta que se surpreendeu com o sucesso da publicação, pois quando escreveu a obra pensava em algo voltado para amigos e familiares.
Atualmente, Neiva ocupa a cadeira 92 da Academia Luso-brasileira de Letras do Rio Grande do Sul (ALBL-RS). Além disso, participa do coletivo “Universo Feminino”, composto por sete mulheres que buscam através da arte e literatura diminuir a violência contra a mulher. Neiva também participa de grupos de poesia digitais e diversas antologias e coletâneas poéticas.
Interesse por história levou Noé à leitura
Noé Teixeira é outro escritor de São Luiz Gonzaga, seu interesse pela leitura surgiu a partir do curso de Direito, no entanto, foram os livros sobre História que o fizeram tomar gosto pela literatura. Noé comenta que, na época do vestibular, acertou apenas metade das questões sobre química, biologia e física, “mas sobre as questões históricas eu acertei as 50”, lembra o escritor.
Durante parte de sua vida, Noé viveu fora do país, exilado no Paraguai, após retornar ao país resolveu praticar a escrita e a música. Sua primeira obra “Cordeiro de Gaza” é uma autobiografia que conta sua trajetória de vida.
O escritor também é autor do livro “Um sonho de vida”, um romance dramático sobre a perda da sua segunda esposa. A publicação de 50 páginas esgotou e terá em breve uma segunda edição. “Depois de 11 anos de excelência de convivência, eu escrevi, botei para fora em um momento difícil”, relata Noé Teixeira.
O autor também reflete sobre o papel da leitura no cotidiano, de acordo com ele, a velocidade do virtual nem sempre prende como um livro, pois este permite uma leitura calma e um descanso prazeroso no cotidiano. Atualmente, Noé está trabalhando no seu terceiro livro: “Um coração Missioneiro”, formado por letras de músicas compostas ao longo dos anos.
Na visão do escritor, as transformações da sociedade não retiram o valor dos livros como fontes de aprendizado. “Os livros representam conhecimento, o gosto por compreender, conhecer, porque ali está a dedicação de um escritor que fez, pesquisou ou botou para fora o que estava na alma, na mente e no conhecimento”, destaca.
Trabalho como educadora fez Noeli buscar respostas na escrita e leitura
Noeli Schnorrenberger é professora aposentada e, a partir da necessidade do trabalho e de questões dos alunos, passou a ter mais contato com o mundo dos livros. “Minha leitura foi mais pela pesquisa do que pelo simples prazer de ler, porém, tornava-se prazeroso encontrar as respostas às curiosidades ou angústias”, conta Noeli.
O primeiro livro de Noeli, “História e Vida Tupi Guarani” foi lançado em 2021 e tem o foco na temática dos povos indígenas. “É um relato da história do Povo Tupi-Guarani, contada pelo Txamõe Pitotó Awadju e da descrição do conteúdo da legislação vigente em relação aos indígenas”. A obra tem o foco pedagógico e é voltada para escolas indígenas.
No ano passado, ela publicou “Flor do Campo”, um álbum com fotografias e poesias sobre a sua visão da consciência e autoestima da mulher. A obra contou com o apoio de Rochele Schnorrenberger, filha de Noeli, que elaborou o projeto gráfico para as poesias e fotografias.
Recentemente, Noeli lançou o livro “Roda de Fogo: Entre Dois Mundos”, que também aborda a questão indígena e é fruto de mais de 20 anos de pesquisas da autora. Segundo ela, a narrativa “contém fatos apresentados em forma de diálogo, onde os personagens relatam as histórias que aconteceram no Brasil, desde 1500, até os nossos dias, tendo como foco os contatos entre indígenas e não indígenas”.
Além dos livros, a professora aposentada já fez parte de coletâneas com outros escritores de São Luiz Gonzaga e da região. Noeli também dá dicas de como cultivar o hábito da leitura, em especial, entre jovens. “Na escola há diversas técnicas, mas o mais importante é ler, possibilitar horário para leitura, disponibilizar boas, diversificadas obras, adequadas a cada idade”, acrescenta. O caminho, aponta ela, é buscar obras de temas e assuntos que possam interessar e, assim, criar o gosto pela leitura e pelos livros.
Outro aspecto destacado por Noeli Schnorrenberger é a necessidade de investimentos em bibliotecas e livros. “As entidades que representam a cultura precisam acolher e incentivar os escritores. É uma tarefa de muitas mãos”, finaliza a escritora.
Fonte: Rádio São Luiz
Por Micael dos Santos Olegário