Intervenção municipal estabelece nova estrutura de gestão hospitalar e busca assegurar continuidade dos atendimentos à comunidade de Roque Gonzales

Divulgação

O município de Roque Gonzales/RS, formalizou no dia 30 de abril de 2025 a intervenção administrativa no Hospital Santo Antônio. A medida foi oficializada por meio do Decreto nº 3433/2025, e declara estado de calamidade pública no setor hospitalar do Sistema Único de Saúde no município. A decisão foi motivada pela ausência de uma diretoria eleita para gerir a instituição e pelo agravamento da crise financeira enfrentada pelo hospital, que acumula dívidas superiores a R$ 643 mil, conforme levantamento apresentado em assembleia no dia 14 de abril.

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O decreto estabelece prazo inicial de 12 meses para a intervenção, com o objetivo de reestabelecer o equilíbrio administrativo e financeiro da instituição e assegurar a continuidade dos atendimentos prestados à população. Para conduzir a gestão durante esse período, foi nomeado como interventor o senhor Benomar Arruda da Silva, acompanhado por uma comissão gestora indicada pela prefeitura.

Conforme detalhado pelo prefeito Fernando Mattes Machry em entrevista à Rádio São Luiz, a administração municipal tem concentrado esforços na realização de um diagnóstico detalhado da situação do hospital. Entre os principais problemas identificados estão o atraso no pagamento de salários, débitos com instituições bancárias e pendências tributárias, inclusive relacionadas ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e tributos federais. No curto prazo, a prioridade tem sido a regularização da folha de pagamento dos funcionários, com a quitação de valores pendentes referentes ao mês de março e a previsão de pagamento da folha de abril ao longo de maio.

A prefeitura também está articulando com a Coordenadoria Regional de Saúde, representada por Rodrigo Reis, estratégias para qualificar e ampliar os serviços oferecidos pelo hospital. A intenção é desenvolver novas parcerias com o Governo do Estado e atrair serviços complementares que possam gerar receitas adicionais e reduzir a dependência exclusiva do financiamento do SUS, cujos valores são considerados insuficientes para cobrir os custos de diversos procedimentos.

A gestão interventora também avalia a ampliação de atendimentos a pacientes oriundos de municípios vizinhos, como Pirapó, Dezesseis de Novembro e São Pedro do Butiá, de forma a aumentar a receita da instituição e fortalecer o papel regional do hospital. No médio prazo, estuda-se a reativação do bloco cirúrgico da entidade, atualmente desativado por ausência de alvará sanitário, o que dependerá de adequações estruturais, projeto de engenharia e aprovação da Coordenadoria de Saúde.

Como medida de arrecadação imediata, foi lançada uma rifa beneficente com sorteio previsto para dezembro de 2025, utilizando como prêmio um veículo doado ao hospital por meio de parceria com a Eletrosul. A proposta é arrecadar fundos para ajudar na quitação de dívidas iniciais e viabilizar os primeiros passos do plano de recuperação.

Em relação ao financiamento por parte do município, o prefeito informou que, por ora, os repasses seguem nos moldes anteriores, incluindo o pagamento dos plantões médicos e despesas com medicamentos e exames, cujo adiantamento anual já havia sido realizado em janeiro. Entretanto, reforçou que novos aportes públicos deverão estar vinculados à contratação de serviços efetivos que tragam retorno em saúde para a comunidade, evitando repasses desvinculados de contrapartidas.

De acordo com o cronograma de gestão, a administração municipal pretende concluir até o início de junho o diagnóstico completo da situação hospitalar, o que permitirá o encaminhamento das soluções possíveis nos eixos de curto, médio e longo prazo. A expectativa é de que, após o processo de reorganização, a gestão do hospital possa ser devolvida à comunidade por meio de uma diretoria regularizada, mantendo-se o caráter filantrópico da entidade e a sua missão de atendimento regional.

Fonte: Rádio São Luiz