Homem é condenado a 30 anos de prisão por simular assalto e planejar morte de esposa em São Borja

A Justiça condenou na noite desta quarta-feira (3) Husen Kasem Khaled a uma pena de 30 anos, por simular um assalto e planejar a morte da mulher, Sônia Khaled, de 44 anos. O crime ocorreu em 2015, e chocou a cidade de São Borja, na Fronteira Oeste.

O julgamento começou na terça-feira (2). Husen foi considerado culpado por homicídio quadruplamente qualificado, e não poderá recorrer em liberdade. Conforme a acusação, ele foi o mandante da morte da mulher por motivação financeira.

O outro réu julgado, Valdemir Trindade Rodrigues, foi condenado a 24 anos, por homicídio triplamente qualificado. Conforme a denúncia, ele ajudou na negociação entre Husen e os homens contratados para matar Sônia, além de emprestar uma moto para os executores na noite do crime.

A advogada de Valdemir, Josiane Balbe, afirmou que achou injusta a sentença. “Ele não merecia isso. A conduta dele não foi para matar ninguém. Ele não é assassino”, afirma.

Josiane recorreu em plenário e pediu a anulação do julgamento e a dissolução do Conselho de Sentença (o corpo de jurados).

Nesta quinta-feira (4), começam os julgamentos de Maurício Mariano e Tiago Vargas Motta. O réu Bruno Silveira Aires também seria julgado nesta quinta, mas a advogada dele, Josiane, que é a mesma de Valdemir, ficou impossibilitada de comparecer e pediu para transferir a sessão para uma nova data.

O julgamento dos outros dois réus, Jean Aldemar de Ávila Weber e José Carlos Neves Moreira, ainda não tem data definida.

O segundo dia de julgamento começou com a acusação apresentando suas teses ao júri, o que levou toda a manhã. Durante a tarde, foi a vez da defesa fazer suas alegações, com réplica e tréplica. As defesas tanto de Husen quanto de Valdemir negaram que os clientes sejam responsáveis pelo assassinato.

Sônia foi morta com três tiros e uma facada. Ela havia sido rendida e levada por assaltantes de sua residência. O marido foi amarrado no banheiro da casa durante a ação. Mais tarde, a polícia descobriu que ele tinha sido o mandante.

Primeiro dia de julgamento

No início do julgamento, na terça-feira (2), foram ouvidas três testemunhas da acusação: dois filhos e o irmão da vítima. Depois, Husen foi interrogado.

Ele assumiu ter planejado a invasão na residência, mas disse que só roubaria o dinheiro, em função de dificuldades financeiras. Afirmou que a decisão de matar a mulher não partiu dele. Valdemir também negou participação no assassinato.

 

Como foi o crime

Segundo a denúncia do Ministério Público, Husen ofereceu dinheiro aos réus para que matassem a mulher. O crime ocorreu no dia 6 de novembro de 2015. O marido buscou Tiago e Bruno de carro e os levou para a casa da vítima.

No local, Husen abriu o portão para a dupla, que rendeu e amarrou Sônia. Ele também foi amarrado, para simular um assalto.

A mulher foi colocada no banco de trás do carro de Husen e levada até a Rua Coronel Tristão de Araújo Nóbrega, onde foi executada.

Os réus responderão por homicídio qualificado – motivo torpe, meio cruel, recurso que dificultou a vítima, e contra a mulher por razões da condição do sexo feminino.

Em seu depoimento, Tiago, que aceitou delação premiada, declarou que Husen ofereceu R$ 50 mil a Bruno para que confirmasse que se tratava de latrocínio.

Disse que foi procurado por Jean e Valdemir para participar do crime. Ele confirmou ainda que Husen foi o mandante e que eles deveriam simular um assalto em que o comerciante também figurasse como vítima. Maurício era a pessoa que sabia de todos os detalhes do plano.

Antes do fato, Valdemir, Jean, Maurício, José e Tiago se reuniram na oficina de Jean para detalhar o plano. De acordo com Tiago, inicialmente, a ordem era apenas “dar um susto” na vítima, mas que, na última hora, Husen determinou que matassem a esposa. Jean e Valdemir teriam discordado. Bruno, então, se ofereceu para cometer o crime.

Segundo a acusação do MP, Sônia levou quatro tiros pelas costas, disparados por Bruno. “O Ministério Público em plenário vai fazer uma análise técnica sobre todos os elementos que foram colhidos ao longo de toda a instrução e sustentará a existência de provas suficientes pra condenação nos exatos termos da denúncia”, afirmou o promotor do caso, Fabrício Allegretti.

Na época, moradores de São Borja fizeram um protesto pedindo justiça. Familiares da empresária promoveram uma caminhada pelas ruas do município.

Fonte: G1-RS