Hipnoterapeuta Beno Joel Poll comenta sobre as peculiaridades entre a Hipnoterapia e a Hipnose

Em entrevista à Rádio São Luiz, o doutor em Epistemologia Científica, licenciado em Filosofia e Psicologia e Hipnoterapeuta, Beno Joel Poll, comentou sobre as diferenças entre hipnoterapia e a hipnose, abrangendo pontos elencados em artigo publicado de sua autoria. Confira:

Hipnoterapia e Hipnose – Quando se trata de Hipnoterapia e de Hipnose, em sentido rigoroso, está se falando sobre coisas distintas (mesmo que correlacionadas) e, por isso, não devem ser entendidas como se fosse uma só. A hipnose é simplesmente uma “ferramenta” que, em si, não tem nenhuma utilidade terapêutica a não ser quando utilizada por um profissional formado em determinada terapia psíquica (psiquiatria, psicanálise, psicologia, neurolinguística…); do mesmo modo que um sofisticado bisturi laser não tem serventia adicional a não ser que sob manejo de um cirurgião capacitado para utilizá-lo.

A ferramenta Hipnose, além disso, infelizmente, vem carregada de mitos negativos herdados da idade média (‘”caça às bruxas”) ou mesmo de espetáculos “circenses” e isso acaba por afastar pessoas que poderiam ter experiências práticas reconfortantes por meio do acesso orientado e seguro ao seu “eu interior” Assim, ao contrário do que muitos ainda possam pensar, ela nada tem de mágica, sobrenatural ou de dominação mental do hipnotista sobre o hipnotizado. Felizmente, a partir do século XVII, ela ganhou “nova roupagem” e apresenta-se hodiernamente, graças a modernas técnicas de monitoramento eletroencefálicas, como fenômeno absolutamente natural (espontâneo ou induzido) e comprovadamente científico. Tanto é assim que ela, atualmente no Brasil, é aceita como prática de saúde coadjuvante (analgesia, anestesia, calmante emocional) pelos conselhos de medicina, odontologia e psicologia. Sendo que, a partir de 2018, a Hipnoterapia está regulamentada como Prática Integrativa e Complementar de Saúde (PICS) pelo SUS.

Quando se fala em Hipnoterapia, a referência que se faz é ao instrumento Hipnose conjugado ao serviço de terapeuta habilitado e eticamente comprometido. O diferencial específico da Hipnoterapia em relação a outros tipos de psicoterapias tradicionais é que, com o uso da Hipnose, o profissional, utilizando técnicas apropriadas caso a caso, pode orientar a pessoa (sujeito da ação hipnótica) ao acesso direto à fonte de origem do problema registrado no seu subconsciente e, se for o caso, ressignificá-la de forma ética, eficaz, rápida e segura. Portanto, é uma terapia que, normalmente, demanda muito menos tempo (sessões) para obtenção dos resultados benéficos esperados. Ansiedade, pânico, fobia (medos exagerados), depressão, ciúme exacerbado, compulsão (comida, bebida, fumo, TOC e vícios em geral), estresse e baixa autoestima são alguns dos principais distúrbios psicossomáticos que podem ser eficientemente controlados por meio de técnicas de sugestões hipnóticas. Também os sintomas de doenças físicas (nunca a cura da doença em si) podem ser consideravelmente minimizados sob efeito das sugestões hipnóticas. Práticas acessíveis de auto-hipnose para relaxamento físico e mental, de modo geral, costumam ser ensinadas aos pacientes para que sejam utilizadas sempre que forem, por eles, julgadas necessárias.

Portanto, na área da Hipnoterapia, ao procurar-se um tratamento psicossomático, deve-se ficar atento tanto à formação profissional quanto à acadêmica do terapeuta. É imprescindível que ele seja um hipnotista (que conhece a práxis resultante da união entre teoria e prática da Hipnose) e tenha base sólida e idônea em, pelo menos um dos ramos das terapias psíquicas existentes.

Por Beno Joel Poll

Fonte: Rádio São Luiz

Foto: Kelvin Morais/Rádio São Luiz